LEO JAIME
LANÇAMENTO
O ano de 2020 foi uma longa e solitária noite na vida de todos, ou quase todos, neste planeta. Perdas, solidão, isolamento, saudade de dançar e abraçar passaram a ser temas obrigatórios na cabeça de todos.
Fazer-se uma boa companhia para si mesmo passou a ser fundamental. Continua sendo. "Só", uma canção escrita muitos anos antes deste inferno gelado, propunha exatamente esta reflexão. Será que dá pra ser feliz mesmo estando só? Que as canções possam ser nossas companheiras.
Todo mundo sabe que eu amo dançar, essas imagens traduzem muito o meu sentimento. Espero que gostem!
NO PALCO
Não vamos deixar de intimidade. Se os tempos exigem novos protocolos, o show continua e se recria, aproveitando tudo de positivo que espaços menores proporcionam no encontro entre artista e público.
É intimista que fala, né? Mas neste caso também significa um trabalho musical que vai além da mera transposição para o formato acústico. Sem reinventar a roda (de violão), mas estimulado por aberturas criativas e enriquecimentos harmônicos aqui e ali, Leo Jaime volta aos palcos com reforço e direção musical do multi-instrumentista Guilherme Schwab, grande revelação da cena rock (& folk) brasileira desta década.
Os arranjos novos ressaltam delicadezas e forças de um repertório pra lá de consagrado. Dão um close certeiro na carpintaria pop de “Amor” (clássico lançado no álbum “Vida Difícil”, em 1986), “Fotografia” (parceria com Leoni),“Preciso Dizer Que Te Amo” (de Cazuza, Bebel Gilberto e Dé), que Leo registrou em seu álbum cult “Todo Amor”, de 1995, “Gatinha Manhosa” e “Mensagem de Amor”, entre outras.
Schwab, que se destacou no grupo Suricato e na composição de trilhas sonoras, sabe trabalhar a “biodiversidade” acústica, investindo em dobro, weissenborn (aquele violão havaiano de colo, bem apreciado pelos fãs de Ben Harper), viola caipira e outros instrumentos, sempre bem timbrados.
O hit “Só”, conhecido em sua roupagem doo wop, reaparece mais bluesy, com Leo ao violão e o toque de aço característico do dobro de Schwab. Ficou mais próximo da forma como foi composta, como conta Leo, que acaba de regravar a canção no estúdio de seu velho parça Nilo Romero, em uma fornada junto com “A Vida Não Presta” e “O Pobre” (todas produzidas pelo próprio Leo).
As três músicas fazem parte do disco “Sessão da Tarde”, clássico que gerou sete super-hits radiofônicos e que está comemorando 35 anos de lançamento.
Como tudo isso é história, muita história, e o povo já vai estar sentado assistindo mesmo, o show inclui canções precedidas por causos e contextos sobre parceiros e inspirações. Uma delas é a impagável “Cozinho de Noite”, que Leo, aos 18 anos teve a feliz petulância de mandar para o mutante Arnaldo Baptista, gerando uma parceria. Outra é “Solange”, versão de “So Lonely”, do Police, feita para a então chefe da DCPC (Divisão de Censura às Diversões Políticas), Solange Hernandes, que demonstrava especial implicância com as obras do jovem Leo Jaime.
Também entra no formato “com história” o blues “Down em Mim”, uma das obras-primas de Cazuza e espantosamente, sua primeira composição. Leo, que teve o privilégio de ouvir a música antes de qualquer outra pessoa, aproveita para falar sobre sua relação com as origens e os early years do Barão Vermelho.
E tem muito mais: “O Pobre”, numa levada “Last Kiss” (hit do Pearl Jam, originalmente lançada em 1962 por Wayne Cochran & The C.C. Rider), “Rock Estrela” com trecho de “Come As You Are”, do Nirvana, e a rara ‘Eu Nunca Te Amei, Idiota”, composição de Alvin L (gravada inicialmente por sua banda Sex Beatles), recuperada há pouco na série #umapordia, que Leo publicou em sua conta no Instagram, no início da pandemia.
E no bis, é aquela coisa: mesmo desplugado, não tem como o povo não levantar, porque (sorry pelo spoiler) rola “Conquistador Barato”, “As Sete Vampiras” ou outro petardo à sua (vossa) escolha.
Em 2019, Leo Jaime estreou uma nova turnê - “Dance Comigo”, onde, o nome entrega e convida, é um show para ser assistido e dançado.
Larissa Parison faz parte do espetáculo - brilha solo e com seu partner Leo. Vale por um “quem sabe faz ao vivo” para todos os que acompanharam pela TV, e torceram por eles dois durante quatro meses no “Domingão”. Pra quem não viu, é a hora de
constatar que, sim, é tudo isso, o cara é bom mesmo.
O repertório é rock’n’roll em mais de um sentido. Porque Rock’n’roll, desde seus primórdios, é uma dança, com passos que evoluíram e geraram um estilo chamado acrobatic rock’n’roll. E porque rock’n’roll também pode ser uma mistura salutarmente inclusiva, onde cabem outros gêneros, ritmos e misturas.
OS SUCESSOS ESTÃO TODOS NO ROTEIRO
Com a experiência de quem canta profissionalmente há quase quatro
décadas, Leo enfileira hits como “As Sete Vampiras”, “A Fórmula do
Amor”, “Conquistador Barato”, “Mensagem de Amor”, “Gatinha
Manhosa”, “A Vida Não Presta”, a genial “O Pobre”, entre outras.
O clima dançante comporta medleys, mashups, colagens e citações
em combinações inusitadas: é um trecho do classic rock “Sunshine
of Your Love” (Cream) en “Ilegal, Imoral ou Engorda”, um pedaço de
“Back on the chain gang” (Pretenders) em “Nada Mudou”, “Come As
You Are” (Nirvana) colado em “Rock Estrela”...
A verdade é que Leo Jaime sempre soube dançar para não dançar.
Bora aprender – e se divertir – com ele.